terça-feira, 2 de junho de 2009

Gerações

do blog Vagabundos Iluminados que descobri no blog do Mauro Bedaque, meu preferido do site da MTV.

Já faz um tempo, numa entrevista de um diretor de teatro no programa Provocações, da TV Cultura, o apresentador Antônio Abujamra fez um comentário mais ou menos nessas palavras: “O pior é saber que nós, nas nossas idades, ainda somos os mais modernos. Onde está a juventude para nos contestar, para nos desrespeitar, para nos mostrar que estamos errados?”.

Sempre fui um defensor da minha geração. Nunca admiti que um velho falasse que a juventude de hoje é isso ou aquilo, que é alienada, despolitizada. Que moral têm os velhos para falar de nós, jovens? Quais eram os seus desafios e quais são os nossos? Se existe uma coisa que odeio é aquele papo de velho ao estilo “meu jovem, ouça a voz da experiência...”.

Essa tal “voz da experiência” é um câncer do qual a sociedade tem que se curar o quanto antes.

É impressionante ver como nossos pais realmente acham que mudaram o país e o mundo. Falam de Woodstock, da revolução sexual, da luta contra a ditadura. Acham que a vida antes era mais difícil. Coitados... Não sabem nada do hoje, e ainda querem nos dar conselhos.

A liberdade sexual está aí, a ditadura se foi, e o mundo da Guerra Fria fala na irreversibilidade da globalização. E nós, como estamos? Temos tudo e nada ao mesmo tempo.

Os que dizem que a vida dos jovens hoje é mais fácil não têm idéia do que é viver sem causa, numa época que não pensa, que não reflete. Faço parte da juventude mais revolucionária de todos os tempos, mas que não tem inimigo. Não sabemos contra o que lutar. Vivemos na era da descrença: as religiões são uma farsa; a política, uma hipocrisia; e os sonhos, ilusões. Isso é que a juventude pensa, e de forma cada vez mais individualista.

Deve ser muito bom acreditar que é possível mudar o mundo, mesmo que o preço disso seja um pouco de ingenuidade. Somos, no entanto, os filhos da razão: céticos, perdidos e sedentos de fé.